quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Nós sempre faremos isso...

.....Por vários momentos nessas ultimas semanas estive me questionando e com isso questionando a que público devesse se colocar a arte contemporânea. Mesmo estando convencida que estão claros meus questionamentos a cerca da arte contemporânea, vejo que alguns de meus amigos imaginam que já devesse ter-me esclarecido sobre tais assuntos, porém, permito-me um pouco mais de suor e lágrimas no que diz respeito á minha arte. É mais sabido que, mesmo por diversas relações e definições que se tem da palavra “público”, todos somos membros de um.
.....Os artistas que vieram de toda a geração de Botticelli não ousariam negar a perspectiva ou toda a anatomia do sec. XV, mas, quando Matisse rompe com a pintura do sec. XX que até então se definia acadêmica, técnica e bela e a torna expressiva e gestual é criticado por grandes pintores da época que sabiam utilizar de critérios teóricos e formas numa analise estética visual na arte. Picasso rompe com Matisse e o modernismo, para expressar mais ainda a arte em formas e temas não questionados e utilizados pelos padrões da época. Não foi simplesmente para se divertirem que fizeram suas respectivas críticas, isto é evidente! Quando Matisse apresenta sua tela (Alegria de Viver. 1906) recebe a seguinte crítica do pintor Paul Signac:

“ Matisse parece ter se perdido. Numa tela de dois metros
E meio, ele contornou alguns estranhos personagens com
Uma linha da espessura de um polegar. Em seguida
Cobriu tudo com uma cor plana, definida, que embora
Pura pareceu de muito mau gosto. Lembra as fachadas
Multicoloridas das lojas de tintas, vernizes e produtos
Domésticos.” ( STEINBERG, Leo. 1972. P.22)


.....Anos depois quando Picasso apresenta (Les Demoiselles d’Avignon) é julgado como falso e contraditório pelo mesmo Matisse que também rompeu um dia com padrões estabelecidos na arte. Percebe-se que os artistas rejeitados por museus, salões, e criticados por sua arte, ouviam e eram submetidos a críticas, por pintores, poetas e artistas da mesma época e na maioria das vezes artistas acadêmicos. É como se quisessem que você fosse a uma formatura de direito, usando calça jeans e camiseta do Ramones sem ser tomado com impertinente. Nota-se que o rompimento perturba em excesso.
.....Quando Baudelaire critica o pintor Courbet e fala sobre a “retratação das faculdades espirituais”, que se impõe sobre si mesmo para atingir um ideal sereno e clássico, e que assim toda a imaginação e movimento são banidos de uma obra, é visto como insensível e inferior a Courbet. Mas Baudelaire, literato, seria insensível aos valores visuais?
.....A crítica que ele reporta a Courbet mostra que tendo seus próprios ideais, ele não estava disposto a sacrificar coisas que o pintor havia posto de lado. Courbet, como qualquer bom artista, também seguia seus próprios objetivos, os valores que descartava (a “beleza ideal” e a fantasia) para ele há muito se perdeu, no entanto, sua virtude positiva, não constituía uma perda. Mas eram sentidos como perda para Baudelaire, que consistia na fantasia e a beleza ideal não exaurida.
.....Sobre isso, penso, e não penso sozinha, que uma pessoa (público), diante de uma obra de arte contemporânea, não pode ser vista como alguém que não entendeu a obra (ouvimos isso sempre). Pode simplesmente, significar que, tendo uma forte ligação com certos valores, essa pessoa não pode servir a um culto não familiar no qual esses mesmos valores são ridicularizados. E a arte contemporânea é um convite a aplaudirmos a destruição de valores que ainda pregamos, não é para ser CLARA. Ou me engano? Talvez não seja isso que esta acontecendo... A “arte contemporânea” esta sendo embelezada, VALORIZADA, Rafaelizada. É possível ouvir anjos quando se comenta certos trabalhos hoje.
.....Percebi essas coisas no ultimo final de semana (sim depois de tanto me permitir dar socos em mim mesma), recebi um convite para uma apresentação musical de uma dupla de músicos trágicos e poetas excelentes desta cidade. Como toda a boa arte, cerveja e composições musicais próprias, lá fui com meu corpo. Inevitável é não observar outros corpos.
.....Em certos momentos senti que houvesse pessoas daquela festinha de direito, que falei anteriormente, me observando... Convide alguém para jantar e sirva-lhe algo como estopa ou parafina e vão entender o que estou falando! O que vi, até onde pude ver (depois disso algo foi maior) foram pessoas, sangue, indefinições tentando encontrar alguma explicação para aquela “magia” que tomava conta de seus seres, das suas peles e das suas “almas”. Mas também, como era a hora e não pude fechar meus dedos, vi mais coisas. Pessoas irritadas com amigos que estavam gostando de tudo aquilo que não consigo definir, apreensivos com a ideia de que pudessem gostar de fato do que estavam ouvindo. Furiosos consigo mesmos por terem sido desmascarados por toda aquela situação. A música agia e os deprimia. Mas toda aquela situação era motivo para ficarem tão deprimidos? Se não gostaram daquilo porque não iam embora, não ignoravam? O que realmente os deprimia era sentirem aquela música e o que aquela música podia causar a toda a arte.

.....E tudo isso, que me questiono, também me responde... A que público serve a arte?
--- Ao público.
.....Porque não dá pra ter uma experiência como tive e voltar ao trabalho na segunda feira como se nada aconteceu. Me cansa o público que diz estar em outro nível, pressupondo, assim, estar acima de ser "público" e analisa formalmente, e critica a todo tempo as formas de arte pela “qualidade”, “avanço”, “medindo” a arte numa escala comparativa, dizendo a um artista aquilo que não deve fazer e ao publico o que não deve ser. TODOS SÃO PÚBLICOS!
......Uma obra pode ser indiferente a crítica, agora a crítica... É como alguém que tem esperanças em ir à praia e infelizmente, o tempo indiferente, faz chover. Na noite desta apresentação musical, pode-se ouvir palavras como “eu não gostei” ou “eu gostei” proferidas tanto para a musica como para a bebida que ali se encontrava. Ora, o gosto em arte não pode ser uma entrega a qualquer estímulo interessante.
.....De toda essa forte experiência estética que pude fazer parte, juntando com todas as questões que me atormentavam por mais “simples” que se imaginam, certamente posso afirmar que as coisas estão acontecendo! E, pode ser mais rápido do que possuímos!
.....As semanas que me passaram com indecisão, decidiram para mim, em um momento enquanto eu me colocava como público. Presenciei a arte, inevitável negá-la. Você pode fechar seus olhos, seus ouvidos, seu corpo inteiro e ela ainda assim estará por perto. Deixo uma autocrítica do escultor Jean Tinguely (1962):

“ Não é um gesto de trabalho
Não é um gesto de esporte.
Não é um gesto de amor.
Ce n’est pás dans La vie”.
( não está na vida)

Não paga nada pra escrever coisas com potência e sangue...

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Todas as coisas do mundo acontecem...

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Querem ver arte?

Querem ver arte? Saber o que é arte? Não procurem nas paredes de um banheiro estendido chamado de galeria!

Quantas vezes você não se questionou deitado do sofá de sua sala assistindo a um programa do meio dia se aquilo que estavam jogando na sua cara era arte de verdade? Quantas vezes os quadros ditos culturais desses programas fizeram você refletir sobre a sua própria vida? Quantas vezes você vai gastar o tempo da tua vida que você é o único responsável? Quantas vezes vai deixar ser chamado de inútil por inúteis apresentadores que não sabem e nunca souberam o que é falar o que sentem? Se em algum momento da sua vida, longe de ideais, onde você possa pensar sobre você e não sobre o que vai usar no domingo ou a cor que combinara com o dito “artista” do programa que você assistiu enquanto sua filha recitava uma poesia que ela tinha criado, se em qualquer momento longe de tudo isso você sentir a arte, tenha certeza que o mundo inteiro que não avistava você será pequeno demais para a significância que sua vida vai se tornar.
Nesta cidade como outra cidade qualquer também possui estátuas, fábricas, escolas, mais estátuas, coisas, ideias, vento, animais, velhos, crianças velhas, e pessoas medíocres que se devoram e devoram quem ousar tirar o pouco de fama que se pode conquistar jogando porcarias na vida de pessoas sinceras. Nesta mesma cidade tem grupos de pessoas que são encarregadas e intituladas de mostrar a arte para todas as outras pessoas da cidade que eles aparentemente imaginam ser “burras” e “pobres” demais para entender o que é uma galeria, um museu, arte contemporânea, vinho entre outros ( e eles não querem que vocês pensem isso porque se não vocês não os chamariam de artistas).
Essas pessoas ricas, cultas, artistas e extremamente inteligentes alem de produzir trabalhos extremamente óbvios e sem preocupação social nenhuma, sem a mínima intenção de provocar qualquer sensibilidade por menor que seja no observador de suas “obras”, jogam nos seus trabalhos todo a sua vontade e potência de NADA. Intenções vazias, entupidas de imagens do próprio ego onde já se resultou em lixo monetário e nada mais. Se tem uma coisa que eles não contaram em nenhum quadro ou cheque por aí é que artista TEM CORAGEM, e não coragem pra entrar em uma loja e comprar o melhor casaco para abertura de uma exposição barrada para pessoas que sentem o chão molhado do frio da cidade, digo, coragem para produzir uma obra onde qualquer pessoa independente se tem ou não dinheiro para qualquer merda material poder olhar e sentir, onde essa pessoa independente do lugar onde irá, refletirá sobre, coragem para colocar sua “obra de arte” e junto com ela um pouco de si e se mais corajoso for colocar toda sua vida em uma criação, porque uma vez sentir a arte na própria vida e fazer disso uma criação, você é capaz de chorar por ela, se doar por ela, se rasgar por ela, gritar por ela, algo que é a sua vida não merece ser esquecida em uma parede branca, merece ser defendida e não trocada, merece ser vista a todos os olhos de todos os lugares e levada por esses olhos para todos os lugares, assim como a vida deveria ser sua e não deixada para que outros decidam o que fazer dela.
Para ser artista é preciso ter coragem para a todo o momento colocar em risco a própria vida, mesmo, quando depois de todo seu esforço alguém em algum lugar que nunca sentirá o que é arte achar que te transformaria em um nada com alguns minutos públicos.
Ate quando você vai acreditar em tudo o que você vê? Em tudo o que falam pra você que você deve fazer? Em tudo o que é ou não é arte só porque através de um dinheiro sujo conseguiu um lugar pra se exibir e cuspir em você tudo o que você não pode ter e que fizeram você acreditar que queria.
A arte não precisa ser definida em uma pagina de dicionário que pessoas decoram para serem chamadas de interessantes, precisa ser sentida, refletida, questionada a todo tempo, a qualquer hora e em qualquer lugar independente de quantas pessoas possam ou não ouvir, sentir, refletir e questionar. Se a arte é vida não podemos explicá-la, mas senti-la, pessoas que apenas respiram e imitam seus próprios ideais não sentem tentam explicar tudo. O que os artistas fazem é simples demais para madames, medíocres e pessoas que tem toda a vida para se preocuparem com coisas maiores do que uma simples vida...

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Cego do olho de marfim

Brincar com tintas não é para qualquer qualquer!
Deve-se
Primeiro
Estudar para não ser alguém que não é um ninguém que não estudou... Mas fique tranqüilo, pois, isso e o oposto é a mesma coisa ao contrario.

Brincar com tintas é um risco
No chão com sangue
Não sabemos quando a tinta por vir a ser nosso próprio sangue... Só não se esqueça
Que tinta pode vir a ser sonho também...

E se for assim: VOCÊS ESTARAM FRITOS!


r.A ( Rodrigo Adriano Machado, filósofo, músico, escritor e amorão!)

Acerte seu relógio

Pior do que chegar atrasado um minuto em um banco que você esperaria na fila por mais de duas horas, é não poder derramar todas as intenções que pulsam dentro de você em uma tela, por falta de tela. É como precisar recortar sem tesoura, sentir dores nas costas e tomar remédio contra hemorróidas, não ter pés e ganhar sapatos caros, sentir frio e só ter vestidos, morrer de amores por alguém que tropeça em você, e outras coisas que a maioria das pessoas encontra um jeito de substituir de alguma forma. A maioria das pessoas inteligentes e que encontram como substituir seus desejos por outras coisas, choram, as pessoas que não conseguem substituir seus desejos por nada, em algum momento da vida, choraram. As pessoas inteligentes que sabem como e onde substituir as coisas se decepcionam, as que não conseguem e não sabem substituir nada, em algum dia se decepcionaram. As pessoas inteligentes e que sabem substituir tudo sorriem e fazem os outros sorrirem, as que nada substituem, sorriem às vezes e não sabem fazer os outros sorrirem sempre. Aquelas pessoas inteligentes e que sabem substituir nascem, crescem, reproduzem-se e morrem as pessoas que não conseguem e não sabem substituir nada, nascem, crescem e reproduzem-se.
Muitas das pessoas inteligentes sentem pena das pessoas que não conseguem substituir a vida, as pessoas que não conseguem substituir a vida no momento em que as pessoas inteligentes sentem pena, estão escrevendo, pensando, pintando, cantando, cuspindo, matando, olhando, beijando ou fazendo qualquer coisa insubstituível.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

terça-feira, 13 de abril de 2010

Fui pro outro lado da Cidade...

Quando você passa a maior parte do dia que você acredita ser seu e que descobre estar enganado quando olha para o relógio, preocupado ou despreocupado com as pessoas, algo de muito ruim acontece, em algum lugar.
Na manhã fria e cinza de hoje, quando deixei meu travesseiro com suas formas definidas no mundo onde não se usa definições, neguei o próprio desejo de sentir o cheiro de uma xícara de café quando lembrei que no dia anterior meu casaco diário ganhou um banho de alguma mão trêmula do mundo de definições. Até porque o café fica mais gostoso quando não se tem bolachas Maria murchas. O banheiro continuava o mesmo, hoje com mais alguns fios de cabelo pelo chão branco e molhado por onde se concentra a água que vaza pelo cano da pia toda vez que se liga a torneira.
Sem café e cheirando café, eu até esqueço daquilo que as pessoas chamam de problemas quando eu sinto o vento gelado na minha pele, quando não posso ver nenhum carro, cachorro ou alguém me olhando, me seguindo ou simplesmente andando do meu lado. Mas as pessoas olham, e andam, e sentam ao lado, e levantam, e puxam a cordinha, e desembarcam e novamente encontram alguém com o olhar e repetem tudo.
E no mundo de definições eu sou uma pessoa.
Repetir coisas em algum momento cansa, e se não cansa, cansa aos outros, e se não cansa aos outros então você não existe. A manhã cinza de hoje estava ficando amarela e como todo o amarelo, queimava! Podia arder sem interessar quantos casacos com café eu possuía. Eu sabia disso, e podia ver, mas sabia também que o que mais me incomodava naquele momento era não me surpreender.
Querer se surpreender não é estar sendo surpreendido, você não precisa achar que vai se surpreender entrando em um blog e lendo um texto que relate o dia de um qualquer em uma Cidade mais qualquer ainda, talvez você se surpreenda muito mais na escola com alguma professora chamando sua amiga de “ sem escrúpulos” ou algo parecido. Então, se quiser se surpreender crie alguma coisa, ou ate mesmo jogue café em alguém que você acha que pode ser melhor que você, fure a mão de alguém ou a orelha se você coloca piercing, passe mais manteiga no pão e não tenha medo de engordar por isso, não é nenhuma obra de arte mas vai fazer alguém em algum lugar não gostar!

Monique Cescon

sábado, 27 de março de 2010

Isso é a tua música.
som que nem som tem.
Precisa-se!
Estou cega, mas escuto,
estou muda, mas sinto.
tudo é molhado e frio, dentro de mim é fora.
Dói!
Oque sangrava, secou, mas ainda sinto algo molhando.
Mesmo cega posso ouvir um pedaço de pano sendo rasgado ou uma unha quebrada, jogada, perdida, abandonada, pisada, esquecida.
Sangue!
Não interessa, o que vale é a cicatriz,
o tamanho, a profundidade, a proporção.
Oque importa não é o tempo, é o não tempo.

Contagem Regressiva

Ela nunca esqueceu o cheiro de madeira velha, leve e quebradiça que tinha aquele lugar.
- um cheiro macio, ela dizia.
Eu ria muito:
- hehehe, como é um cheiro macio?
- o que eu sinto.
Quando tinha a oportunidade de estar em um casario de época ia cheirando as portas e as janelas tentando encontrar algo a mais do que só lembrança.
Tinha momentos de solidão como todos têm, mas o que diferenciava é que ela só havia tido um único momento desses, e ele permaneceu.
Quando ouvia algum som, seja em qualquer lugar ou em qualquer objeto, alguma parte do seu corpo de movia rapidamente, formava uma sincronia, era como se o movimento de seu corpo necessitasse ser mais rápido que o som que era ouvido e que mesmo assim viravam cúmplices. Tudo o que ela queria era descobrir o que ela realmente queria. As vezes ela inventava desejos e sonhos não tão anormais, para provar que também podia dormir sozinha.
O que eu lembro também é que ela detestava não se lembrar muito bem dos fatos que aconteceram na sua infância, talvez porque ela mentia muito ou porque perdia seu tempo cheirando janelas.
Ela lembrava, ela chorava, ela se secava, lembrava de novo, chorava mais uma vez, e fazia isso tudo enquanto comprava fósforos longos da cabeça vermelha no mercado da cidade que não era sua. O tempo passa rápido pra quem não sabe contar, no caso dela, chegava a falar com o relógio e a calculadora ao mesmo tempo.
Não conseguia aprender nada do que via, mas sabia ensinar perfeitamente aos outros o que não conseguiam ver. As coisas, tudo, sempre foram muito simples pra ela, porém, o simples é muito difícil pra quem não escolheu a realidade. Sobre o amor ela nunca disse uma única palavra, não questionava, não gesticulava, mas também nunca demonstrou não crer nele. Não sei por que, mas, ela falava sobre muitas coisas, mas sobre o amor, ninguém nunca ouviu nada.
Tinha medo de fazer certas perguntas, para certas pessoas e ouvir erradas respostas. Se não perguntava ela não era ouvida, então, perguntava, era ouvida, ouvia e ia dormir e se sonhava fingia ser muda. Eu não sei o nome dela, nem a altura ou qual era a cor que ela gostava de usar no sábado, fora essas coisas não posso escrever mais.
Vou aproveitar esse momento e fechar os meus olhos, comecei a sentir um leve cheiro amadeirado, velho e quebradiço e não quero saber do que já passou.

Performance " AQUI", realizada no ano de 2009, SESC Chapecó - SC


Elefante Branco...

Logo pesando por aí...

"Estanhamento"


"estanhamento", 2010. Acrílica sobre tela.

Aquilo que ferve dentro de você não é tão longe do isso.

sexta-feira, 26 de março de 2010

O meu pé não pára de mexer

Tudo fica bem quando você não tem tudo o que deseja, os ruídos ficam mais bonitos e leves e as pessoas parecem inatingíveis. Ficar só é um dom, não é como ser um artista pobre, triste e faminto, a solidão capacita você, te sacia.
Você não consegue entender uma mancha de tinta grotesca e vermelha em uma parede velha e azul, no entanto você dá vida á torneiras fechadas, geladeiras, tocos de cigarro, janelas e ate conversa com seus sapatos quando está só. Na verdade sendo a solidão um dom, eu ainda penso em arte.
Você pode negar que se influencia por algo, mas quando uma brasa viva cai sobre a sua mão, deixando uma marca que você não esperava, aí você precisa pensar.Quando carrega nas costas até um poço qualquer, tudo o que sempre desejou, você não afunda teus sonhos, você afirma ser real e até vive o teu dom.
As coisas mais interessantes e caras na vida, você, não lê, nem compra, nem aprende, você vive, mas até isso você esquece. Então, cumprimente as quatro paredes frias do teu mundo, enxergue o fundo dos teus olhos antes que evaporem, fale com suas coxas, suas unhas, seus pêlos, suas axilas, seus pés, seu umbigo e suas nâdegas, enjoe de tudo isso e durma, acorde e veja que seus pelos e todo resto continuam com você e se você mudar de cadeira eles mudam também, tome água, fume mais um cigarro e se sentir fome não coma muito, o vaso sanitário não é muito confiável e você correra o risco de ter um inimigo dentro de suas paredes, e a respeito do som, escreva sobre ele, talvez ate o som mude depois que você aceitar a solidão.


Monique C.

Olhe...


" Audição", 2009. Acrílica sobre tela.
LEVANTAR A BUNDA DA CADEIRA PARA SALVAR A PRÓPRIA VIDA NÃO DÓI TANTO ASSIM...
...existem coisas que doem muito mais e você nem reclama...

Amanhece também nesta cidade... Outros dormem...


" amanhecer", 2010. Acrílica sobre tela.



Se parassem e percebecem, qualquer coisa seria grande coisa se conseguissem para-lôs por algum momento. Eu não tentei, eu nem tento, porque eu faço, e por mais que pareça, está a toda a velocidade, a todo instante, ao contrário do que vejo todo o dia nas ruas desta cidade, de outras cidades, de televisões, folhas e escritos de outros lugares. O mundo está aí, mas você não precisa estar necessariamente junto com ele!

Exterior...




" Excessos", 2009. Acrílica sobre tela.
Sabe-se que por meio da lembrança um sentimento ou fato se faz presente com o signo da linguagem, do conhecimento, seja ela uma palavra, um sabor..., ao ser evocada, a lembrança que causa essa saudade faz um elo de tempo, onde o sujeito está ancorado no presente e no entanto trás para esse presente um símbolo do passado, assim, figuras de linguagem que designam tempo, estão no processo de atuação da saudade já que é por uma forma de recordar que esse sentimento vem a tona.
No processo de criação plástica, das telas, desconstrói-se dois corpos que são colocados em ultimo plano e separados pelas cores puras presentes nas formas que saem direto da bisnaga, as linhas e os primeiros planos( superficie), são produzidos ora com mais intensidade, ora não, apenas a cor pura, onde a camada vai ficando espessa e criando expressões acerca da saudade e dos sentidos, despertando no espectador a necessidade de novas reflexões a cerca do ser, abrindo uma interpretação através do abstrato.